quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Texto criativo em montagem destoante

" As cinco pontas de uma estrela torta" trouxe poesia imagética para o palco do Montenegro em Cena. O inicio do espetáculo é de uma beleza extraordinária, assim como muitos momentos da peça. A direção do espetáculo consegue ser precisa, pois a peça tem ações e marcações extremamente limpas, num espetáculo belo, porém extremamente rígido em sua composição, a começar pela dramaturgia que em sua concretude não é de fácil entendimento. A narrativa se estrutura a partir da vida de Savine, e sua vida é contada através das três fases de sua vida: infância, adolescência e adulta, sendo que estas três facetas são colocadas em cena de modo separados e em outros momentos estão as três facetas em cena, evidenciando a reflexão poética a cerca da humanidade. O texto é muito bom, pois coloca no mesmo caldeirão reflexões acerca de filosofia, física quântica, ciência e arte. Os diálogos são ásperos as vezes, em outros momentos são depoimentos, contribuindo para a concretização de uma cena que pulveriza questões teatrais contemporâneas. 
A iluminação tem um papel fundamental, pois consegue ser um signo bastante presente na composição da cena, cuidando apenas para em determinados momentos dosar a sua utilização, assim como a trilha sonora, que é linda, porém utilizada de forma demasiada, faltando a peça, momentos de silêncio, onde a cena possa respirar e crescer com isso. 
Outra questão é a linearidade como são tratados os textos, falta criar cores, climas e intensidades diversificadas diferentes das que já foram atingidas. E elenco bom se tem para efetivar isso. Destaco no elenco a presença de Marta Brito, a Savine adulta, pois sua presença em cena é hipnotizante, com ações comedidas e sutis, tem força e presença cênica surpreendente. Ana Sphor e Bruna Johan também tem registros interessantes e Juliano Rangel enquanto urso é um pouco caricato, mudando quando entra como Cristovão. 
"As cinco pontas..." é tocante, bonito e complexo em sua essência e em seus textos bem estruturados, que consegue elevar a qualidade do festival, trazendo um espetáculo com uma outra linguagem, que não é a que estamos acostumados a ver em festivais. Que bom que temos grupos assim, que pesquisam e não se deixam levar por propostas fáceis e de resultados rápidos. 
Comentário Crítico feito por Diego Ferreira sobre a peça As Cinco Pontas de uma Estrela Torata, do grupo Produções Fulber de Novo Hamburgo.

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