" As cinco pontas de uma estrela torta" trouxe poesia
imagética para o palco do Montenegro em Cena. O inicio do espetáculo é de uma
beleza extraordinária, assim como muitos momentos da peça. A direção do
espetáculo consegue ser precisa, pois a peça tem ações e marcações extremamente
limpas, num espetáculo belo, porém extremamente rígido em sua composição, a
começar pela dramaturgia que em sua concretude não é de fácil entendimento. A
narrativa se estrutura a partir da vida de Savine, e sua vida é contada através
das três fases de sua vida: infância, adolescência e adulta, sendo que estas
três facetas são colocadas em cena de modo separados e em outros momentos estão
as três facetas em cena, evidenciando a reflexão poética a cerca da humanidade.
O texto é muito bom, pois coloca no mesmo caldeirão reflexões acerca de
filosofia, física quântica, ciência e arte. Os diálogos são ásperos as vezes,
em outros momentos são depoimentos, contribuindo para a concretização de uma
cena que pulveriza questões teatrais contemporâneas.
A iluminação tem um papel fundamental, pois consegue ser um signo
bastante presente na composição da cena, cuidando apenas para em determinados
momentos dosar a sua utilização, assim como a trilha sonora, que é linda, porém
utilizada de forma demasiada, faltando a peça, momentos de silêncio, onde a
cena possa respirar e crescer com isso.
Outra questão é a linearidade como são tratados os textos, falta criar
cores, climas e intensidades diversificadas diferentes das que já foram
atingidas. E elenco bom se tem para efetivar isso. Destaco no elenco a presença
de Marta Brito, a Savine adulta, pois sua presença em cena é hipnotizante, com
ações comedidas e sutis, tem força e presença cênica surpreendente. Ana Sphor e
Bruna Johan também tem registros interessantes e Juliano Rangel enquanto urso é
um pouco caricato, mudando quando entra como Cristovão.
"As cinco pontas..." é tocante, bonito e complexo em sua
essência e em seus textos bem estruturados, que consegue elevar a qualidade do
festival, trazendo um espetáculo com uma outra linguagem, que não é a que
estamos acostumados a ver em festivais. Que bom que temos grupos assim, que
pesquisam e não se deixam levar por propostas fáceis e de resultados
rápidos.
Comentário Crítico feito por Diego Ferreira sobre a peça As Cinco Pontas de uma Estrela Torata, do grupo Produções Fulber de Novo Hamburgo.
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